QUINTO
CAPÍTULO DE O ANATÔMICO
“Oh meu Todo Poderoso
Deus a morte chegou a meu lar levou aqueles que eu tanto amava, destruiu a
alegria, escureceu o meu sorriso Senhor. A enviada do Maligno fez com que tudo
que eu tinha caísse por terra. Agora eu pergunto: Por que meu Pai tu deixastes
que a sobra fria congelasse o coração dos meus? Tu que és tão poderoso, por que
não espantou o mal da minha vida? Eu mereço sofrer tanto? Por que a maldade
tomou conta da minha ‘bomba’, do meu sistema límbico? Não sou digno de sua
misericórdia? Sou o acento da discórdia?”
“Senhor, estou esperando
a sua resposta. Mostre-me o caminho, seguro, tranquilo para que eu possa
caminhar sem o risco de ser ameaçado. Quero conseguir apagar todas as
atrocidades cometidas pelas minhas mãos e vistas pelos meus olhos. Quero
encontrar a esperança. Quero viver na paz ou morre na mesma.”
CENA 1
O
salão, local da festa de Lorena está um caos. A festa se transformou em
tristeza, desespero. Todos gritam informações diversas e desencontradas sobre o
fatídico acontecimento. Lorena está ajoelhada com as duas mãos na cabeça, todo
aquele barulho não importava. Sua mente produzia o próprio barulho.
(gritos das pessoas) – Foram
vários tiros me Deus... Eles estão mortos?... Motoqueiros atiraram sem
piedade... Justo no dia do casamento da filha...
(vozes na cabeça de
Lorena) – Eles morreram (risos), eles morreram
(risos), agora não podem voltar atrás, eles não voltam mais (risos).
Wagner
percebeu o delírio da esposa, ele a abraçou e disse.
Wagner – Você consegue, sei que é duro para
você, mas sei sua força, você consegue. O que você está ouvindo eu ouvi e ainda
ouço muito. Mas uma hora eles vão parar.
Lorena
olha para os olhos de seu recém-esposo e sorrir, um riso de desespero, de
angústia. Wagner a observa preocupado.
CENA 2
O
casal sai do local de festas, Wagner está levando Lorena para o local do
assassinato. Muita gente em volta, quando ela chega todos percebem e abrem
espaço. O Corpo de Bombeiros já estavam lá.
Bombeiro – Você é o que deles?
Lorena – Filha, esse é o meu marido.
O
bombeiro olha para a mulher vestida de noiva, chega mais próximo e diz.
Bombeiro – Infelizmente eles não resistiram. A
polícia e perícia estão a caminho.
Lorena – Já sabia que eles estavam mortos, pois
eu não sentia mais o meu pai e nem a minha mãe. Eles se foram de uma só vez.
Lorena
chega mais próximo dos corpos o soldado do Corpo de Bombeiros tenta impedir,
mas ela não toma partido da proibição. Ela abraça sua mãe e depois o seu pai.
Wagner continua a olhar preocupado.
Lorena (assombrada) – Vocês foram né? Agora só eu restei.
Será que isso está certo? Vocês precisavam morrer? Por que tão grande
injustiça?
Lorena
deita sobre a poça de sangue formada no asfalto com o sangue dos seus pais. Ela
tinge de vermelho seu vestido que era alvo mais que a neve. Todos se comovem e
choram vendo aquela cena. Wagner recolhe sua esposa e a leva para casa.
CENA 3
Dia
11 de maio de 2000
Uma
multidão acompanha o velório, a maioria das pessoas, que estavam na festa agora
está vendo dois caixões, um do lado do outro. Um silêncio pairava assustadoramente
cobrindo os corpos frios. Lorena olha sem mover um dedo para as duas urnas. O
seu olhar já não era triste, era sombrio, ela estava em outro lugar. Sabe onde.
A
marcha fúnebre toca, Wagner parece incomodado, ele está lembrando-se da sua mãe
que também morreu de uma forma cruel. O Anatomista olha para sua esposa,
acredita que ele está melhor, mais conformada com o acontecimento. Isso o
tranquilizou um pouco.
Os
caixões são colocados no túmulo, engavetados, trancafiados para sempre. Ali
será a nova morada do casal. E o legado dos mesmos deve ser honrado pela filha
que eles deixaram. Será que ela merece o que foi deixado? Será que será capaz
de administrar o que agora está em seu domínio? Bom se o destino escrito pelos
humanos quis assim, tem que ser assim.
CENA 4
Após
o velório Wagner quebra o silêncio perguntando.
Wagner – E então querida? Está melhor? Recuperou-se?
Lorena – Ainda estou me recuperando da ideia,
sombria de viver sem o meu refúgio. Mas se é assim que tem que ser, será.
Wagner – Você a partir de agora tem que pensar
como irá administrar tudo que eles deixaram. È a história deles contada em construções,
produtos, trabalhos. Agora tudo está em suas mãos Lorena.
Lorena – Tenho muito tempo para pensar nisso,
agora eu preciso dormir um pouco. Estou acabada, muito cansada.
Wagner – Tome um banho e venha dormir aqui pertinho
de mim. Eu protegerei você.
Lorena – De quê?
Wagner – Do que vem depois. Dos pesadelos, das
perseguições espirituais, do mal. Eu sei como é isso, ainda mais no seu caso. Precisa
de proteção, pois se não coisas piores podem acontecer.
Wagner
e Lorena estão deitados, mas a Lorena não consegue dormir. Ela enxerga a todo
instante os corpos de seus pais formando rios de sangue e por fim um lago
vermelho. O Wagner já dormia profundamente. Aproveitando que está livre se
levanta, vai até a conzinha e pega um amolador de facas. A mulher anda
tranquilamente até chegar ao banheiro. Então ela senta no vaso levantando a
camisola e abaixando a calsinha. Lorena começa a introduzir bem lentamente o
amolador em seu aparelho sexual. Parece que ela está gostando. Mas então ela
começa a golpear fortemente o seu órgão o fazendo sangrar. Dá um grito de dor.
Parecendo que está possuída tira a camisola e faz dela uma mordaça, coloca em
si mesma e volta a se golpear na vagina com força. Na sua cabeça palavras de
ordem dizem: Você não é merecedora de ter um filho, faça o que tem que fazer,
destrua isso, pois é amaldiçoado e se um filho daí sair também será algo
amaldiçoado.
Wagner
acorda e sente falta de sua esposa. Ele levanta rapidamente corre até a
conzinha, mas não vê nada. De repente a dor que ela está sentido ele passa a
sentir também, só que em seu ânus. Ele presente que ela está no banheiro e
quando chega lá ele vê sua mulher desmaiada, sangrando. Ele grita pedindo
ajuda.
Horas
depois
Médico – Wagner?
Wagner – Sim.
Médico – A sua mulher vai sobreviver, mas em
compensação, infelizmente ela perdeu a criança.
Wagner – Mas espera aí. Que criança?
Médico – Sua mulher estava grávida, mas acabou
matando o bebê, também os golpes comprometeram todo o útero dela. Tiramos, ele
para salvá-la e agora ela não poderá mais ter filhos.
Wagner
abaixa a cabeça e começar a chorar de tristeza e ódio.
CENA 5
3
meses depois.
Em
um orfanato Lorena olha admirada para as crianças que ali estão. Já o Wagner se
mostra indiferente. Ela avista um garoto de aproximadamente 5 anos. O menininho
está brincando, ele é lindo e ela prontamente apaixonou pelo garoto.
Lorena – Wagner? Está vendo aquele menino ali?
Wagner – Sim, estou Lorena.
Lorena – É ele que eu quero. Aquele garotinho
será nosso filho.
Eles
conseguiram adotar a criança. Lorena está muito feliz já o Wagner de início não
gostou da ideia, mas depois se apaixonou pelo menino também.
A
criança ingressou em uma família onde reina o espírito da morte.
CONTINUA
Pessoas comentem aí o que acharam